terça-feira, 24 de agosto de 2010

fátima

hoje, mamãe e eu fomos a fátima. havíamos combinado este passeio para ontem, mas ainda não sei mexer bem no celular modernoso que arrumei por aqui, de forma que o despertador não tocou, e perdemos o trem das dez, das onze... descoberto como fazer para acordar na hora certa, fomos nós em busca da estação de comboio, que não era nenhuma das duas que eu havia circulado no mapa, mas uma que havia quase fora da cidade, onde chegamos em cima da hora, mas ainda em tempo de pegar o comboio no horário desejado.

tanto esforço para uma furada! a estação da cidade fica, na verdade, a 24km desta! oi? fátima é, na verdade, um distrito de ourém, município que se tem que atravessar por inteiro para lá chegar. me pergunto, então, por que a estação não se chama estação de ourém, e não avisam isso aos turistas.

a nossa sorte foi que, pelo visto, não somos as únicas desavisadas que ali descem e ficam perdidas no meio do nada, e há táxis na saída da estação que, a um preço bem razoável, te deixam no centro de fátima. fomos no carro de um senhor já de idade mais avançada que pouco ouve, mas muito fala, muito interessado em nos mostrar os pontos importantes de ourém – que, no fim das contas, não tem muita coisa importante.

chegar ao santuário de fátima foi uma surpresa grande para a minha mãe, quase um susto! pensava ela que encontraria uma modesta capela erguida junto ao lugar em que nossa senhora apareceu aos três videntes durante seis meses (como meu post anterior já foi dedicado a uma história da cultura portuguesa, não vou contar outra hoje. se você não conhece esta, leia aqui). mas o lugar é o maior complexo arquitetônico da igreja católica em que eu já estive, e posso me arriscar a dizer que só perde para o vaticano.

se tem uma coisa que já vi na vida foi igreja. elas são bem numerosas em minas, e cá na europa não é diferente. construídas nas mais variadas épocas, mas em sua maioria datando de mais de dois séculos atrás, não faltam turistas com seus flashes – curiosamente permitidos aqui em boa parte delas – clicando todo os anjos, santos, órgãos e painéis exuberantes que se podem encontrar em quase todas.

quase todas, porque a basílica e as capelas que compõem o santuário de fátima não são assim. talvez por serem bem novas, impressionam pelo tamanho, mas são bastante simples em ornamentações, tanto por dentro quanto por fora.

e ali, naquelas igrejas que podem ser consideradas até simplórias, se comparadas a todas as outras, eu vi, pela primeira vez, poucos turistas e muitos devotos. são pessoas de toda parte do mundo, mas que ali não estão para apreciar bonitos entalhes ou pinceladas, mas para adorar os túmulos de jacinta, lúcia, francisco, e a imagem de nossa senhora do rosário.

dentro da basílica, muitos formam fila para chegar perto das lápides. do lado de fora, à direita, uma capela sem paredes reúne uma pequena multidão a rezar o terço, enquanto muitos atiram velas a grandes piras.

e, no centro do santuário, o que mais me prendeu a atenção durante todo o dia: pessoas de joelhos, atravessando a imensa extensão de uma ponta à outra, num ato de cumprimento de promessa, ou simplesmente penitência.

é de comover qualquer um. sente-se admiração, espanto, estranhamento, dor solidária, ou qualquer outro tipo de coisa, mas imune à cena é que não se passa.

fui batizada, fiz primeira comunhão, mas não freqüento a igreja desde então, e não me considero católica. sou das que entra nesses santuários seculares daqui à procura de monumentos que me encham os olhos, sem tocar de verdade na alma. mas hoje admirei muito a fé daqueles que ali estavam, de fato, em busca do mais legítimo culto ao que de verdade se adora.

eu ia até comentar sobre o quanto se lucra ao redor do santuário com a venda dos mais diversos artigos ditos religiosos, mas não ouso. o post de hoje é só uma nota de respeito.

2 comentários:

  1. Tá me fazendo muito bem ler os seus "posts"! Enquanto leio, consigo ouvir a sua voz bem dentro de mim, lembrando-me das entonações que sempre coloca quando narra um fato escrito.
    Te amo demais!! Sucesso!!!

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  2. parece ser bem grande mesmo, hein? eu vi um filme uma vez chamado fátima, contando a história de jacinta, lúcia e francisco. achei bem interessante, apesar de também não me considerar católica. é tudo muito repleto de símbolos, histórias e beleza e é muito legal ver como as pessoas se relacionam com isso! bom ver que você está aproveitando sua nova-velha terrinha. depois precisamos nos encontrar por aí! beijo!

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