quinta-feira, 12 de agosto de 2010

meu short listrado

tweet do dia 27 de julho: “quero arrumar minhas malas. tipo hoje. não é vontade de ir amanhã. é só ansiedade, mesmo...”

era bem verdade que eu já andava com vontade de ir separando e empacotando as minhas coisas. acho, aliás, que, desde esse dia, toda vez que encontrei algum amigo, comentei: “acho que vou começar a arrumar minhas malas amanhã”. mas, como uma procrastinadora legítima desde os tempos da segunda série, nem uma das maiores ansiedades que sinto já ter experimentado venceu o velho e caro hábito de deixar tudo para a última hora.

com a data da viagem se aproximando cada vez mais, eu comecei a considerar seriamente a possibilidade de só fazer minhas malas dia 14. mas eis que, esta noite, não me faltou apenas sono, mas também o que fazer, e eu resolvi abrir meu guarda-roupa e decidir que roupas levarei para viver em coimbra comigo.

você, companheiro procrastinador que me lê e me entende, há de concordar que o fato de não executar uma atividade não quer dizer que não dediquemos algum tempo a ruminar sobre ela. e, no meu caso, acho que já fiz as minhas malas em pensamentos pelo menos umas cinco vezes. e devo dizer que isso de nada me serviu hoje.

mês passado, achei este guia de itens básicos para uma mala de uma intercambista. o guia oferece dicas de uma mala para destinos quentes e outra para destinos frios. como ainda pegarei um mês de verão e só volto quase no fim do inverno, resolvi estudar as listas e fazer uma mescla das duas. o resultado? minha mala está a uma distância abismal dos conselhos dados pelo guia, com excesso de peças consideradas de pouca utilidade na rotina e falta de peças essenciais para o período de frio.

neste momento, tenho atrás de mim uma quantidade bem razoável de roupas e nenhuma idéia de por quanto tempo elas me serão úteis; muita variedade e cor em roupas tropicais e quase nenhuma criatividade em blusas quentinhas.

dentre todas essas peças, no entanto, tenho a certeza de que levo a que mais me faria falta no intercâmbio: um short listrado que a filha de um amigo do meu pai me deu quando eu tinha uns 14 anos e que, na época, já estava velho e gasto. hoje, ele é um pedaço surrado de pano desbotado e já costurado algumas vezes pela minha mãe e com uns dois ou três buraquinhos persistentes. a coisa é que esse bendito é a roupa mais confortável que eu tenho, e desde os meus 14 anos é minha roupa favorita de ficar em casa, só saindo do meu corpo para ir para a máquina de lavar, retornando logo em seguida.

já há algum tempo, minha mãe vem tentando me convencer a joga-lo fora, - porque nem para pano de chão o meu trapinho de vestir serve - coisa à qual venho resistindo bravamente. nas últimas semanas, o short andou meio sumido das minhas coisas e eu comecei a desconfiar seriamente de que o haviam levado de mim. hoje, noeentanto, durante o difícil exercício de tentar arrumar uma mala inteligentemente, ele apareceu entre algumas camisetas. decidi, então, que ele era O item básico da minha mala, e o que por ventura faltar quando eu estiver por lá, acabo dando um jeito.

na verdade, esse post é só porque eu tenho certeza de que, amanhã, quando a minha mãe acordar e for inspecionar o que eu escolhi, o short vai sofrer um severo veto. espero que essa pequena declaração de amor incondicional a convença de esse pequenino pedaço de pano é o pedaço de casa que levo pro outro lado do mundo.

Um comentário:

  1. Veja só, não só o trouxe o "danado do short" como já vestiu! Se ele te traz boas lembranças de nossa casa, fica então autorizada a tê-lo por aqui! Beijos, Mam's, T.A.

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