segunda-feira, 23 de agosto de 2010

porque inês é morta



tu, só tu, puro amor, com força crua,
que os corações humanos tanto obriga,
deste causa à molesta morte sua,
como se fora pérfida inimiga.
se dizem, fero Amor, que a sede tua
nem com lágrimas tristes se mitiga,
é porque queres, áspero e tirano,
tuas aras banhar em sangue humano."
(camões - os lusíadas, canto III, 119)







inês de castro era a mais bela aia de dona constança de manuel, senhora do infante d. pedro de portugal. filha daqueles a quem o rei tinha em alta conta, nada lhe faltava em refinamento em ares de nobreza, a não ser um título que assim a legitimasse. não que tal fato tivesse contado a d. pedro, que logo se encontrou irremediavelmente encantado pela moça.

sendo impossível evitar que a paixão fosse consumada, toda corte logo pôs-se a comentar do infame adultério que comprometia gravemente as relações diplomáticas portuguesas com joão manuel de castela, pai de d. constaça. apoiado pelos irmãos de inês, que tampouco aprovavam o romance escandaloso, el rei, d. afonso IV logo arrumou de exilar a bela dama de companhia junto à fronteira castelhana, no castelo de albuquerque. de nada adiantou. inês e pedro, dizem os escritos, continuavam a corresponder-se e a alimentar o amor, mesmo que à distância.

nem bem correu um ano do afastamento de ambos, d. constaça veio a falecer no momento em que deu a luz ao futuro rei de portugal. então viúvo, pedro ordenou que inês regressasse e viesse morar consigo em sua casa. estava escancarado o escândalo que tanto se quis abafar, e inúteis eram as tentativas de d. afonso de tentar casar seu filho novamente com uma senhorita nobre, ao passo que herdeiros bastardos do amor de pedro e inês começavam a nascer.

confusões diplomáticas de ordem real começaram a estourar aos montes. corria o boato de que pedro e inês haviam se casado às escondidas.

farto de tantas tentativas de separar os amantes, d. afonso decide dar fim à vida de inês. para tal, aproveita uma excursão de caça promovida pelo filho e, na sua ausência, ordena que três homens a embosquem no paço de santa clara, onde inês vivia àquela altura.

o sangue de inês é derramado no mondego, fazendo nascer a fonte dos amores, onde até hoje crescem algas avermelhadas a lembrar o brutal assassinato.

d. pedro mal pode suportar a dor e a revolta pela armadilha tramada pelo próprio pai. tão logo se torna rei, vai em busca dos três carrascos de inês e, capturado dois, manda que lhes sejam arrancados os corações: um pelo peito, outro pelas costas. dona inês é condecorada como sua rainha eterna, mesmo depois de morta, à qual todos tiveram de prestar homenagens.

desde a morte do rei e até hoje, inês e pedro jazem em dois túmulos, um de frente ao outro, para que "possam olhar-se nos olhos quando despertarem no dia do juízo final".


eis a história, tal qual aprendi, daquela que foi rainha depois de morta.

2 comentários:

  1. Oi meu brigadeirinho!

    Muito bom acompanhar suas sensações por aqui...

    Estamos felizes por estarem ajeitando as coisas, preparando a estadia que tenho certeza: será inesquecível e maravilhosa.

    Bjs, te amamos!!!

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